sexta-feira, 18 de março de 2011

"Procura-se um amor 2.0"


Donos de búzios encantados e feiticeiros de cartazes de poste, aposentem-se!


Nada mais deprimente que a situação do comércio amoroso nos dias de hoje.

Enamorados e transeuntes do limbo da solteirice entraram de vez na onda high-tech e não precisam mais recorrer aos astros ou às cartas para prever as marés do destino e sorrateiramente tentar sua manipulação.


Nenhum poder esotérico é necessário para saber que ao adentrar uma das redes virtuais, que hoje dominam nossas vidas reais, o que mais será visto serão banners propagandeando a solidão ou a beleza do lindo amor atual vivido.


Os chamegos e as frases de desespero saltam tanto aos olhos que é possível acompanhar a novela da vida de cada um sem nem ter que ouvir o Shimbalaiê, ou qualquer outra groselha, como trilha musical.


Lá estão as frases tristes, as citações famosas e o tal do status de relacionamento a fazer bem o seu papel, flertando sempre com o rumo dos futuros capítulos...


"É só jogar a isca e correr para o abraço!"


Hoje, carência se cura com uma frase lamentando a solidão ou a rejeição; basta esperar alguns instantes para descobrir quem pode “curtir” massagear o seu ego virtual.


Já reafirmar o quanto os apelidos trocados com seu par são fofos cumpre a função de reafirmar a cada clique o quão duradouro será seu atual enrosco.


Nada fora do comum em uma época em que nos dividimos entre avatares do que somos e do que gostaríamos de ser, impossível não expor um quinhão considerável da vida nas palavras digitadas, mas o outdoor do bem querer anda passando do ponto na mão de alguns.


Cigana esperta sabe que isso é apenas reflexo da diferença principal entre os marujos desse mundo; há os que preferem navegar e os que não abrem mão de apenas envernizar o barco.



Simplicidade, barquinho nos trinques e tranquilo,

bonança para enfrentar o mangue ou chegar ao rio Nilo.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Uh! Mas já?



Ansiedade queimando o HD da cachola, deduções a mil e um pouquinho da constante deprê alimentada...


Quando algo importante parece não ter definição é bem por ai que nos sentimos; aflitos, com a sensação de não ter nem noção da noção que gostaríamos de ter.


Aquele marasmo ruim de não sair coisa boa das meditações feitas no ônibus ou das cada vez mais constantes prosas de bar.


Tudo é lamento, sofrimento e qualquer outro "ento" que te deixe fraco a seguir com o vento.


Essa terapia da dor de novela mexicana continua até um belo dia que resolvemos mudar.


Como feitiço e sem precisar colocar o copo d´água em cima da TV na oração da madrugada, tudo fica mais tranquilo.


As noites começam a serem dormidas de verdade e infinitos hábeas corpus são concedidos ao mesmo tempo em que os julgamentos são anulados pela Suprema Corte da Boa Vontade.


Dá pra sentir a barra aliviando e o tempo sendo direcionado para aquele reconforto de se sentir bem mais você, independente do nível do fuzuê vivido.


No bar, o gin é trocado pela cervejinha nossa de cada dia, o bicão de pelicano aos poucos se rende à vontade verdadeira de mostrar os dentes sem ser no rosnar ou na mordida.


Esse é o caminho normal da aquietação, ou você ainda não reparou que tudo no fim parece correr para a calmaria de uma manhã sonolenta?


Quem ousa esperar sem se ofender com os caprichos do tempo sempre terá um porto seguro em si mesmo.


O resto fica reservado à agradável filosofia de buteco que faz questão de sempre deixar perguntas no ar...



Mas e ai?

No fim tudo sempre dá certo ou se convence quem é esperto?

domingo, 26 de dezembro de 2010

Felicidade em oferta


As mais belas pessoas que conheço são as que dançam, as que bailam a vida sem lamúrias, sabendo que ser feliz é sim questão opcional.


Quantas vezes você já sorriu para, depois de pouquíssimo tempo, ter a sensação de ter forçado simpatia consigo mesmo em troca do direito de dizer que é feliz?!


O problema não é a alegria descabida marujos!


A vida é muito boa e os sorrisos são sempre a cereja no bolo, tê-los como companhia é sempre recompensador, nem o mais turrão pode desdenhar dessa afirmação.


Mas sorrisos traduzem alegria, sentir-se feliz é algo mais sublime. A alegria é passageira, a felicidade é condutora.


Os mais alegres que conheço vez por outra se dizem infelizes, já os com mais motivos teóricos para sorrir costumam fazer questão de sustentar o tal bico de insatisfação.


Dinheiro, amor, profissão, time de futebol, trabalhos de faculdade...


Não há motivo único que condicione a felicidade de um ser tão complexo quanto o ser humano; nenhuma tabela periódica que descreva os elementos necessários para a fórmula da felicidade: ser humano vai além de fórmulas ou receitas e cada um de nós sabe como isso funciona na prática.


Desse modo até os sorrisos podem não dizer muita coisa ou ao menos não tudo.


O caso é que ainda há quem queira sempre mais e não largue a rapadura até quebrar toda a dentadura, e só ao se olhar no espelho percebe o quanto pôde ser feliz enquanto tinha tudo em mãos para agora só lamentar ter preferido o capricho de se demonstrar feliz aos olhos alheios.


Nessa hora os sorrisos viram a pechincha da felicidade e acabam por dar razão ao ditado que diz que em determinadas ofertas o barato pode sair bem caro...